10.7.02

Luto
em 06.06.02

“Agora que tudo começa.” Era só isso que conseguia pensar ao chegar na casa mais vazia que o habitual. Depois de tudo feito, todas as providências tomadas, o instante em que abriu a porta e não sentiu nenhum movimento lá dentro. Ali tudo começou a pesar.

Não sabia por que voltara para lá. Não entendia por que não ia embora. Uma esperança vaga que não fosse tão difícil quanto sabia que seria, uma ilusão de que ainda estaria ali. Ilusões que se desfizeram ao abrir a porta.

Estava acostumado a ficar sozinho, ao silêncio. Passava dias sem falar com ela. Não tinha motivos: a vida passava sem acontecimentos. Mas sabia que ela estaria ali quando algo acontecesse, quando tivesse uma história para contar, ou precisasse de um olhar de carinho ou reprovação.

Mas transformaram tudo em impossibilidade.