2.4.03

As Cidades e o Desejo 6
em 14.03.03
(Com meus respeitos a Calvino)

No meio de uma enorme planície permamentemente nevada, encontra-se *****. Ou uma parte de *****, um porto onde aqueles que conhecem a história da cidade esperam que a outra metade apareça no céu. Há muito tempo, a cidade era apenas sua parte flutuante - mantida por algum feitiço já esquecido - e um pequeno escritório em terra, onde os interessados pediam os vistos que garantiria-lhes sua visita.

Conforme os relatos das maravilhas da cidade - frutos revigorantes, tecidos mil vezes mais macios que a seda, ninfas sussurrantes e a mais bela das vistas - foram se espalhando, os burocratas foram afundados em pedidos. Os visitantes se viram forçados a esperar no campo gelado, em uma fila que podia durar meses. Com a espera, vieram comerciantes, estalagens, artistas, todo tipo de coisa que acabou por criar na cidade de baixo um festival permanente.

Muitos ainda vão à cidade, atraídos pelas banais histórias de uma terra em eterna festa. Alguns ainda se lembram da cidade flutuante, mas desistem de visitá-la antes mesmo de tentar. Uns poucos perseveram.

E para eles ***** guarda seus segredos.