10.11.01

Amores Sonhados I: Encanto

Sentia algo importante escorrer entre seus dedos ao acordar. Ignorava se era um sonho ou uma lembrança. Percorreu sua memória durante todo o dia, mas as bagatelas do cotidiano o resgatavam com freqüência.

Na noite, corria por imagens sem rumo, percebendo que - em momentos que não conseguia definir - a película entre seu sonho e sua memória enfraquecia. Agora, com sono, acreditava que fora um sonho que causara sua inquietude agridoce.

Teve a certeza finalmente ao adormecer. Sonhou, enquanto ainda não adormecido propriamente, o mesmo sonho. Breve, fugidio, real.

Acordou assustado, lembrando-se das mãos improváveis de um perene e difícil fascínio deslizando por seus cabelos. Acreditava ser uma memória. No calor do quarto escuro, repetia o nome dela como um encanto.