14.11.01

Amores Mortos I: Enterro

Ele morrera de repente, mas não tão rápido a ponto do pior ser a surpresa. Dores de cabeça, um tumor enorme que esperou pouco para estourar. Houve o tempo para o desespero em beber tudo que tinham a se oferecer.

Ela via o tempo como insuficiente. Principalmente agora, enquanto assistia o rosto lindo e branco entre as flores amarelas. Ele sempre ficou melhor sem óculos, mesmo que teimasse em não usar lentes.

Ele desejava ser cremado, disse várias vezes que se apavorava com a idéia dos mortos sob a terra. Ela não conseguiu respeitar isso. Não poderia destruí-lo irreversívelmente desse modo.

Pensava em desenterrá-lo breve (como pensara em comer suas cinzas). Sabia que não faria isso. Mesmo assim a pá no carro a confortava.