12.12.01

Amores Fugidios III: Trem

Foi a voz que chamou sua atenção para o vestido florido e os cabelos avermelhados sem rosto no grupo de meninas. Pensou em se aproximar, mas a estação vazia não oferecia cobertura. Decidiu que haveria tempo no trem, e foi tomar um café.

Ela entrara no trem antes dele, protegida pelo grupo. Amaldiçoou a sonolência da caixa ao não encontrar lugar próximo a onde imaginava ela estaria. Ignorou a paisagem que saíra de casa para ver e ficou passeando pelo trem, tentando vê-la por inteiro.

Como que por mágica, seu rosto se escondia dele. Voltou ao seu lugar, tentando construir um rosto para os pedaços de queixo e nariz que viu, sem sucesso. Decidiu deixar de rodeios e ir - mais que ver - falar com aquele rosto.

Tocou timidamente na alça infantil do vestido, perto de um túnel. A escuridão chegou antes que ela se virasse, enquanto ele refletia sobre o papel ridículo que estava fazendo. Ela ainda pensa no leve toque fugidio sobre seu ombro no trem.