25.7.01

Dos Diários de Ulisses V
em 25.09.00

Lembro agora de Cassandra, pouco antes de ser arrastado para Tróia.
Uma voz fantasma a recitar o futuro, presa em transe. Ela tentou nos
dissuadir da guerra, mas seu tagarelar de futuros exatos a tornava
incapaz de convencimento. Um espelho preso numa cela.

Voltando sua atenção para eu onde deveria estar, Cassandra desfiou
cada detalhe de minha viagem. Do cavalo ao naufrágio, cada momento
foi descrito com uma rapidez e precisão impossível. E é isso que a
torna a profetisa perfeita: os futuros ocorrem por não serem
lembrados até serem já.

Me apavora não lembrar os erros que vou cometer.