28.7.01

Da natureza do Mal
em 28.07.01

Após conhecer o Mal, tudo perde seu significado e se transforma. Cada rosto e lugar, sobretudo os mais familiares, se tornam outra coisa. Há um peso que perdura durante muito tempo, mesmo que a escolha tenha sido não abraçar o Mal: paga-se do mesmo jeito. Castigos não escolhem seus culpados pela razão.

E corre-se por longos corredores, por ruas escuras e escadas sem fim, perseguido por um algoz invisível, contra o qual não há nada a fazer. Há a certeza que a qualquer momento o Mal se fará presente e há a ansiedade de encontrá-lo. Por fim à fuga, às punições e confrontar ou abraçar o terror provocado por ele.

Os anos passam em fuga, na certeza de que o Mal é terrível. Até o acaso colocá-los lado a lado. E vê-se que não há motivo para temer, que os poderes do oponente se desfizeram há muito. Que não há nada mais lá.

Até que se acorda gritando, sabendo onde o Mal se instalou.