14.7.01

Dos Diários de Ulisses III
em 26.03.00

Tenho pensado muito sobre o Cíclope, sobre a existência. Com seu único
olho e forças e tamanho descomunais, o Cíclope tinha uma existência
perfeita - se julgava perfeito. Devo admitir que - a princípio - me encantei por
ele: nem o Pégaso, nem Aquiles, ele era o maior prodígio que já vira.

Percebi, porém, que o Cíclope nunca seria mais do já que era. Ovelhas e
uns marinheiros aqui e ali eram tudo que ele precisava para se satisfazer.
Diante daquilo que ele poderia ser - caso fizesse o esforço - o Cíclope me
parecia baixo e animalesco.

Foi isso que me forçou a cegá-lo.