29.6.02

Parábola II
Em 29.06.02

Quando os animais ainda se dignavam a falar com os homens, um monge ouviu do tubarão o segredo para a felicidade. "Nunca pare de nadar. Assim será forte." Percebendo quão sábio era o conselho do peixe, decidiu que não dormiria duas noites em uma mesma cama. E pôs-se a andar.

Passou por muitos lugares, não se afetando por climas ou pessoas, até que seu caminho o levou a uma caverna. Percebendo que não havia outro caminho a não ser aquele já trilhado, ele decidiu explorá-la.

A caverna parecia não ter fim. Se estendia para sempre em profundidade, complexidade e beleza. Passou anos ali, cumprindo seu voto ao mesmo tempo criava um lar. Até que percebeu-se envolvido num canto vago que o chamava para fora da caverna.

Sabendo que ainda tinha muito a explorar e tentando ignorar as belezas da caverna, saiu. E viu as estrelas que tanto sentia falta. Examinou cada constelação até que o sol as expulsou do céu.

Pôs-se a andar de volta para a entrada da caverna. Parou, atingido pela idéia de que dormiria nos mesmos lugares de antes. E concluiu que não poderia mapear a caverna que tanto amava até que conseguisse ignorar o canto das estrelas.

E amaldiçoou sua dualidade.