21.8.01

Necrópole Pessoal - 3 de ?
em algum momento de 2000

Ele andava só pelas ruas, mesmo depois do acidente. Vestia um terno desbotado e um chapéu amassado, vagava de ponto em ponto carregando um sorriso e o violão.

A rotina dele era bastante semelhante à de um grande período da sua vida: entrava pela porta da frente, tirava o chapéu numa reverência enquanto sussurrava boa noite, dizia o nome de uma música e começava a tocar.

A diferença maior começava nesse momento. Às vezes com sorrisos sem motivo, outras com beijos apaixonados, poucas - com o ônibus particularmente vazio e silencioso - gritos assustados. Mas sempre era notado. E - de um modo que justificava a insistência - aplaudido.