29.4.14

Lição de Vida

Como todo mundo, faço algumas coisas que sei que não deveria. Uma delas é ocasionalmente pegar ônibus pela cor, ignorando supérfluos como letreiros. Outra é tomar remédios baseado no formato da embalagem e ou dos comprimidos. Normalmente, não pega nada, mas as exceções são memoráveis.

Assim que chegamos à mesa do restaurante, tomei dois comprimidos que supostamente ajudam a digestão. Algo bastante necessário, devido ao excesso de bebida da noite anterior. Num exercício de moderação, resolvi beber água com gás. Claro que qualquer moderação durou pouco e pedi um mix de lingüiças e meia dúzia de ostras. Lembro que as lingüiças estavam boas e as ostras superfrescas - comi umas, depois as outras, porque não sou bárbaro.

Enquanto contemplava o que mais pedir, Daniela começou a me acusar de estar estranho. Não entendi bem o motivo, pois estava me sentindo bem, só com um pouco de calor e indeciso sobre o que comer em seguida.

Daí as coisas sumiram na minha memória e fui acordar algumas horas depois num hospital, com uma sonda enfiada no braço, algo pingando e uma médica me fazendo perguntas muito difíceis antes de me internar. Baseada nas respostas da minha mulher - e alguma interferência minha - a médica decidiu que depois do eletrocardiograma que eu havia feito e das aferições de pressão, eu deveria passar a noite internado.

Me recusando com todo o vigor possível no momento, disse que não ia ficar internado nada, porque sabia exatamente o que tinha acontecido e o remédio era muito simples: dormir. É que, em vez de tomar os comprimidos que deveria, tomei dois rivotril de 2mg.

Perguntei dos resultados dos exames, a médica insistia que o hospital não era uma prisão e que eu poderia ir embora quando quisesse, desde que fosse pela manhã. Reafirmei que iria para casa, assinei uns papéis do tipo "se você morrer o problema não é meu" e fui para casa, voltar para o meu sono superrelaxante - que só foi interrompido para colocar Game of Thrones e Mad Men para baixar, muito urgente. Também ia contar esta história aqui, mas me senti ligeiramente indisposto.

Então, garotos, a lição desta história é: sempre leiam o letreiro do ônibus ou vocês vão parar no Cupecê.