Álcool
em 23.10.01
Era o momento de decidir como enfrentaria a crise que se apresentava. Uma crise menor - já havia passado por outras bem mais graves antes e sabia disso -, mas uma crise de qualquer modo. E era ali, na frente da cristaleira cheia de bebidas que tinha que decidir como lidaria com os eventos recentes. Uísque ou vinho?
A decisão mais importante já havia sido tomada. Na verdade, nem era uma decisão. Era mais um hábito: se embebedar era quase uma obrigação após cada decepção amorosa. A questão era que tipo de bebida tomar. Isso determinava todo o resto.
A avaliação era feita a partir de uma série de variáveis mais ou menos objetivas que incluíam desde o estoque de bebidas no bar até o que realmente acreditava que sentia pela decepção em questão.
Para o caso em questão, inicialmente, pensou em beber martinis - que queriam dizer que ele ligaria para um daqueles interesses recorrentes e em recorrentes suspensões, procurando se consolar e fazendo de conta que as semanas anteriores não importavam nada. A trilha sonora seria cool jazz. Desistiu ao perceber que a vodka na garrafa não daria para mais que um drink e teria que mudar tudo - sentimentos, músicas e roupas - ou sair para comprar mais. Ambas as idéias pareciam igualmente repugnantes.
As escolhas, então se reduziam a duas: Uísque ou vinho?