Amores Sonhados I: Encanto
Sentia algo importante escorrer entre seus dedos ao acordar. Ignorava se era um sonho ou uma lembrança. Percorreu sua memória durante todo o dia, mas as bagatelas do cotidiano o resgatavam com freqüência.
Na noite, corria por imagens sem rumo, percebendo que - em momentos que não conseguia definir - a película entre seu sonho e sua memória enfraquecia. Agora, com sono, acreditava que fora um sonho que causara sua inquietude agridoce.
Teve a certeza finalmente ao adormecer. Sonhou, enquanto ainda não adormecido propriamente, o mesmo sonho. Breve, fugidio, real.
Acordou assustado, lembrando-se das mãos improváveis de um perene e difícil fascínio deslizando por seus cabelos. Acreditava ser uma memória. No calor do quarto escuro, repetia o nome dela como um encanto.